Apesar da internacionalizaçãodo capital como forma comercial e de crédito ter se iniciada com as grandesnavegações, a internacionalização do capital produtivo veio ocorrer após aPrimeira Revolução Industrial, com a implantação no exterior das filiais dasindústrias inglesas acompanhando a divisão internacional do trabalho propostapela Inglaterra. A consolidação veioocorrer a partir da Segunda Revolução Industrial com a internacionalização dasgrandes empresas aprofundada pela concorrência entre as grandes potências.(TAVARES, 1998: 41)
Esse primeiro movimento dainternacionalização do capital chega ao seu auge na belle époque (1870-1914) noinício do século XX, com o firmecrescimento da produção e do comércio mundial. Nesta época, o mundo inteiro participava de uma civilização mercantilintegrada. Por volta de 1913, ocomércio internacional representava grande percentual do PIB de vários paísesda Europa. Dentre estes paísesencontravam-se a França com 35,4%, aAlemanha 35,1% e o Reino Unido com 44,7%.
Nessa fase, que vai até aofinal da década de 1920, o capital exportado pelas principais potênciaseconômicas européias, tanto em forma de investimentos diretos ou em forma deações, atingiu níveis percentuais do PIB que não foram ultrapassados até hoje.E foram esses capitais que ajudaram a construir a América do Norte, Argentina,Austrália e África do Sul considerado os “tigres econômicos”
O segundo grande movimento decapital internacional foi caracterizado pela concorrência interestatal entre asgrandes potências, através do boom quese iniciou após a Segunda Guerra Mundial, sob a liderança das grandesempresas americanas. A expansãocomercial ocorreu entre as matrizes e suas filiais, com o predomínio das açõesintra-firmas para fugir das barreirasprotecionistas nacionais e regionais como ocorreu na América Latina e naEuropa. Este processo de crescimento das multinacionais durou até o início dacrise do petróleo imposta pela OPEP em 1973. Neste período, que vai de 1950 a 1973 o comércio mundial cresceu a umataxa média anual de 9,4% enquanto a produção mundial cresceu 5,3%.
Nesta fase o cenário políticointernacional era conduzido no Ocidente pelos Estados Unidos e no Leste Europeupela União Soviética. Os movimentos de capitais entre as diversas economiaseram controlados com rigor na maioria dos países. Caberia então aos demais países concentrar seus esforços naconsolidação de seus espaços econômicos. Essa relativa dissociação entre oscenários políticos e o econômicos teve conseqüências importantes e que vãoaparecer com clareza alguns anos mais tarde na fase em que se inaugura com o fim da guerra fria.
A evolução econômica de paísescomo a Alemanha, França e Japão são exemplos de otimização destas oportunidadesde consolidação dos seus espaços econômicos. Estes países souberam reestruturar seus sistemas produtivos, seja comrecursos próprios ou aproveitando-se das circunstâncias de serem áreasprioritárias para investimentos. Os referidos países conseguiram, num ambienteaparentemente hostil encontrar espaços para seu crescimento econômico. Nesseperíodo, diversos países com grande potência econômica atingiram taxas decrescimento na produtividade de seus fatores comparáveis aos atuais “tigresasiáticos”. De acordo com HIRST(1998:105), mereceram destaque a França com 3,0% (1950-1973); Itália com 3,4%(1952-1973) e o Canadá com 1,8% (1947-1973).
Um dos fatores quecontribuíram para o desenvolvimento econômico foi a necessidade de
A partir dos anos 80 o crescimentoda abertura internacional, facilitado pelo desenvolvimento das comunicações,levou aos grandes oligopólios à consolidação de novos mercados e a impor novoshábitos de consumo em todo o mundo. As ações dos grandes grupos, ajudadas pelaimpressa, vieram criar um ambiente favorável à queda das barreiras e à expansãoda nova ordem do comércio mundial tornando consumidores do mundo inteiro umgrande mercado global.
A velocidade da criação e dadistribuição de novos produtos nos mercados mundial intensificou e acelerou, nosistema produtivo, o processo de destruição criadora (SCHUMPETER, 1979: 50),que passou a impulsionar em um espaçode tempo cada vez mais curto a substituiçãodos bens existentes no mercado por novos bens, tornando-se estratégico produzi-los
Todavia na globalização atual,podem ser destacadas duas vertentes. Uma delas é a continuidade dainternacionalização do capital produtivo, iniciada na primeira RevoluçãoIndustrial com as empresas rompendo sempre novas barreiras de produçãoglobalizada. A outra se traduz no fluxo da internacionalização do capitalfinanceiro que desde o Consenso de Washington, ocorrido em meados da década de70, vem se acentuando em prejuízo dos investimentos produtivos. (CHESNAIS,1998: 87).
Alguns autores como BAUMANN(1996:33) analisam como positiva a globalização financeira para os mercados deorigem, desde que estes ativos consigam romper as barreira da regulamentação de seus países na busca de melhores ganhos. No entanto, estes movimentos suscitam temores em outroscientistas econômicos, dentre os quais: Chesnais e Conceição Tavares, de queesta mobilidade crescente possa despertar movimentos especulativos em grandeescala, trazendo conseqüências desastrosas para economia dos países envolvidos.Outros autores seguidores da Teoria Keynesiana, dentre os quais James Tobim,considerado um fiscalista, defende que a política monetária e fiscal afetam onível de produto e de emprego de forma rápida, mas sem efeitos sobre o nível depreços.
De acordo com TAVARES(1998:42), estas políticas foram impostas pela ideologia neoliberal dasautoridades econômicas americanas que submeteram a economia mundial a umalógica financeira global sem precedente. Portanto, não se trata de um fenômenonatural resultante das ações espontâneas de mercado, com querem os liberais enem tampouco da lógica da internacionalização do capital como poderiampretender os marxistas ortodoxos. Destaca-se neste processo que a globalização ou financeirização globalnão se propõe a uma divisão internacional de trabalho ou de produção duradourae hierarquizada. Ao contrário, avelocidade das informações e principalmente da transmissão de dados possibilitaque os capitais financeiros percorram sem restrições as bolsas de valores domundo inteiro na busca de lucros de curtíssimo prazo.
O mercado mundial atualmente édominado pelas aplicações de curto prazo e se movimentam pelo mundo em busca delucros rápidos através da mudança nos preços dos ativos. O crescimento naescala de especulação em relação às outras transações é marcante. Em 1971,cerca de 90 % das transações estrangeiras visavam financiar o comércio e osinvestimentos de longo prazo e somente 10% destinavam-se a especulação.Atualmente, os percentuais se inverteram e cerca de 90% das transações sãoespeculativa e o volume é tão grande que supera as reservas estrangeiras doscomponentes do G7[2].
Desde a crise do câmbio de1993-1994, nos grandes centros de negócios de Nova York, Londres, Tókio,Frankfurt, Hong Kong
As oscilações dos mercados sãofrutos das expectativas que os investidores têm em relação aos ganhos, riscos eas incertezas na cotação dos seus contratos. Na verdade, os grandes bancos, no mundo das finanças globalizadosperderam seus espaços para as organizações não bancárias, instituições querepresentam sociedades coletivas de aplicações financeiras, os
O crash de 1987 em Wall Street, a fragilização dos bancos, a crise dosetor imobiliário 1990-1991 e a Crise Mexicana de 1994 e suas conseqüências sãoalguns exemplos recentes das influências da globalização do capital financeiroem nível de emprego mundial.
As conseqüências destasmedidas para economia foram a redução das atividades industriais, o corte dosgastos públicos e o aumento do desemprego formal e da informalidade. NaArgentina o desemprego atingiu cerca de 20% da força de trabalho, no Paraguai6,7 %, Uruguai 11,3% e no Brasil odesemprego geral esteve sempre acima de 10 % e a informalidade chegou próximo a50% da população economicamente ativa e forte arrocho salarial. Na década de 90a taxa de ocupação em relação ao total da população nos países que fazem partedo Mercosul esteve sempre entre 29 e 38 % entre os homens e 19 e 24 % entre asmulheres
A abertura comercialacentuou-se com as medidas adotadas pela OMC após a rodada iniciada no Uruguaiem 1986, concluída em 1993 em Genebra e assinada em Marrakech e 1994, na qualse consagrou definitivamente o sistema multilateral de comércio e confirmou-sea supremacia dos sistemas baseados na abertura e flexibilização a frente doscomércios e serviços protegidos e fortemente subsidiados.
As mudanças no perfilda economia mundial se alteraram principalmente com a determinação pelo“Acordo assinado em Marrakech” na qualos fluxos dos intercâmbios comerciais e financeiros estejam determinados edominados pelo mercado e se tenha generalizado as empresas transnacionais.
Alivre mobilização de trabalhadores, um dos fatores da produção, implicarásegundo, AQUINO (1998) na adequação de uma vasta legislação trabalhista,previdenciária, escolar e sanitária, visando dar garantias não somente aostrabalhadores visitantes como também aos empreendedores que os contrata.
Relacionandoos aspectos jurídicos aos econômicos mais relevantes do acordo pode-se enumeraralguns dos principais pontos cuja concretização vem se tornando em grandesdesafios ao Mercosul:
a)livre circulação de capital, que possibilite melhor utilização segundo ointeresse do investidor; b) livrecirculação de mercadorias, sem barreiras alfandegárias; c) Liberdade decirculação de trabalhadores, dentro e fora de seus estados limites; d)liberdade para produção, armazenagem e comercialização de produtos, permitindoque o produtor possa produzir no próprio Estado ou em outro signatário doMercosul; e) Liberdade de concorrênciaque submetam todos os produtores as mesmas regras jurídicas e a idênticos
SegundoSCHAPOSNIK (1997) as dificuldades seorigina no modelo escolhido e sugere a análise a partir ideologia que inspirouo modelo e a forma como ele foi implantado. A euforia inicial, gerada pelaabertura comercial inter países do cone sul, que representou um grande avançono comércio entre os países membros do MERCOSUL. Todavia o aumentosignificativo das relações comerciais encobria um grande movimento que seformava nos países desenvolvidos em defesa de seus interesses. Este movimentoveio aparecer com maior ênfase já no final dos anos 90 quando das negociaçõesda ALCA. A forma como estas negociações serão conduzidas poderá ter reflexosdiretos no sistema produtivos e no nível de ocupação dos países nos países doMERCOSUL.
4. Os avanços da automação e sua influência no nível de emprego formalno mundo.
Todavia não foram somente aglobalização do mercado financeiro e a evolução da tecnologia os responsáveispelo aumento do desemprego, existemtambém outros fatores envolvidos. A forma como foi
Em meados da
Atualmente, pode-se observarinclusive no setor terciário (comércio e serviços), que até então era um grandeabsorvedor de mão de obra. A adoção deequipamentos cada vez mais sofisticados passam substituir os trabalhadores nastarefas que permitem a automação. O sistema bancário e os supermercados sãoexemplos de atividades que estãopassando por profundas mudanças neste sentido.
Segundo Rifkin (1995:201)especialistas no assunto concluíram que os trabalhadores de todo o mundo,continuarão perdendo seus empregos por um tempo ainda indefinido,principalmente, nos países em que o processo de desenvolvimento aconteceu maisrecentemente como é o caso dos integrantes do MERCOSUL. Para os trabalhadoresmenos qualificados, o emprego fixo e duradouro estará cada dia mais escasso.
A característica da novacorporação produtiva dos anos 90 é a competência de controlar atividadessimultâneas em vários locais e de tirar vantagens de diferentes fatores deprodução entre os países. Os centros de decisão, normalmente se localizam nasmetrópoles e os centros de pesquisas estão nos cluster ou em áreas de mão de obra qualificadas.
No mundo capitalista do finaldo Século XX e no início do Século XXI as grandes empresas que vem se destacando no comando das cadeias deprodução. As producer-driven que sãoas grandes manufaturas coordenando as networks,utilizando intensivamente capital e tecnologia, como é o caso das montadoras deautomóveis, aviões, computadores e de maquinarias pesadas. E as
A concorrência globalizadaimpõe condições básicas para que essas empresas tenham sucesso - qualidade epreço levando ao desaparecimento de empresas ou grupo de empresas na forma deaquisições e fusões e as conseqüências destas ações influenciam o nível deemprego e o futuro do trabalho dedezenas de milhões de pessoas que hoje estão no mercado de trabalho.
Conclusão
Para concluir pode-se resumirnos seguintes aspectos os vários fatores que influenciam os mercados detrabalho nos países do MERCOSUL. A estratégia utilizada pelos países membros naimplantação do modelo de integração regional, esbarrou nas dificuldadesapresentada pela heterogeneidade das idéias predominante na região. O clima dedesconfiança inicial provocou entraves nas relações dentro do Mercosul, fazendocom que os mesmos realizassem acordos bilaterais com outros países. A adoção domodelo neoliberal em países com profundas diferenças culturais e econômicas porcerto apresentam resultados diferenciados. Por outro lado a
O processo de internacionalização e escalada global dosmeios de comunicação, provocando a generalização dos padrões de consumocapitalista. Todos estes aspectos em conjunto vêm provocando alterações nosmercados de trabalho no mundo todo com influência direta nos países emdesenvolvimento dos quais se destacam as taxas de desemprego aberto
BRAVERMAN,Harry. Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho no séculoXX. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
CHESNAIS,Francois. A Mundialização Financeira. São Paulo: Chamã, 1998.
COUTINHO& FERRAZ. Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira.
DINIZ,Bismarck Duarte. Organização SindicalBrasileira: Uma Abordagem Crítica para Construção do Mercosul. IX EncuentroInternacional de Derecho da América do Sul. La Paz, Bolívia. Out. 2000.
HIRST.
MARX, Karl.