No presente trabalho
buscar-se-á analisar o cenário mundial que neste início de milênio se
caracteriza pelo avanço e consolidação da globalização econômica especialmente
financeira e produtiva que de modo geral vem possibilitando o crescimento e
envolvimento dos organismos internacionais nas economias modernas nas últimas
décadas. Esse fenômeno, no entanto,
vem provocando alterações que se
manifestam nas diversas áreas da vida
privada e pública da maioria dos países no mundo.
A internacionalização da
economia e os impactos do comércio internacional trouxeram repercussões nas
relações de produção com reflexos no nível de emprego dos países envolvidos,
principalmente os que estão em fase de desenvolvimento.
O ritmo e a forma como os paises são inseridos neste processo são diferenciados e depende do grau de desenvolvimento, das opções políticas e correlação de forças entre setores produtivos. Desta forma, para melhor compreensão deste processo,
O capitalismo teve o
início do seu centro dinâmico na Europa, especificamente na Inglaterra,
Holanda, Alemanha, França propagando-se depois para Estados Unidos. Este modelo
de produção e acumulação de capital vem criando e recriando fronteiras
geográficas e culturais influenciando os novos desenhos dos mapas do mundo
desde de sua origem até a sua
globalização total ocorrida nos anos finais
do século XX. Pela sua natureza
o capitalismo, está sempre em busca de
novos mercados para o desenvolvimento do processo de acumulação.
Pode-se dizer que a
internacionalização do capital se originou no Século XV com a ativação do
comércio marítimo mundial, mas foi a partir da metade Século XX que a difusão
maciça da tecnologia da informação nas atividades econômicas deu-lhe
características e impulsos sem precedentes na história da humanidade. O desenvolvimento e difusão da informática
possibilitaram a adoção de novas estratégias de produção e distribuição das
atividades das corporações produtivas. A partir da introdução da informática,
as unidades de produção puderam ser reformuladas transformando as empresas
integradas verticalmente em um modelo das networks [rede de produção] que incorporam diferentes empresas em um mesmo projeto global.
Nesse processo, tanto a
tecnologia de produção quanto o capital adquiriram uma mobilidade crescente e
acelerada pela possibilidade de fragmentação da cadeia produtiva. A
fragmentação da produção possibilita que um mesmo produto possa ser
desenvolvido em vários locais diferentes e desta forma somente a mão de obra
tornou-se o fator não móvel, permitindo a incorporação do low-wage [mão de obra barata] na lógica global.
A forte competição entre
as networks, empresas líderes
globais, tornou-se o motor seletivo do capitalismo atual cuja dinâmica é
alimentada inicialmente pela concentração e a fragmentação da produção mundial
caracterizada pela necessidade de uma escala cada vez maior de investimentos.
Estes investimentos têm como objetivo manter ou adquirir lideranças
tecnológicas e reduzir a quantidade de agentes decisórios da produção mundial.
A evidência desta
concentração pode ser notada pelos dados referentes as maiores corporações
mundiais que detêm juntas a maioria dos estoques dos investimentos globais
diretos e dos fluxos de pagamentos internacionais de royalties e fees. Segundo DUPAS (1999), atualmente, o processo
produtivo mundial é composto em sua maioria de corporações oligopolizadas
destacando-se as montadoras de automóveis, a extração, refino e distribuição de
petróleo e as de comunicação com seus investimentos espalhados pelos cinco
continentes. A maioria dessas empresas
é de origem americana, japonesa, alemã, francesa, italiana, suíça, inglesa e
holandesa, países que estiveram presentes na I Revolução Industrial. As grandes líderes da produção global, como
é caso da indústria automobilística, tradicionalmente desconcentrada,
atualmente, tem sua produção concentrada em apenas cinco fabricantes com cerca de 40% da
produção mundial demonstrando que os países que assumiram o
controle da primeira fase da internacionalização do capital entre
1450-1850, ainda mantêm a
liderança da produção mundial.
Uma das explicações para
esta concentração está no monopólio da tecnologia, conseqüência dos
investimentos em pesquisas. Nos países desenvolvidos dentre os quais
destacam-se os USA, a Alemanha e o Japão, os investimentos anuais em pesquisa
na década de 80, ultrapassaram 3% do PIB, enquanto que no Brasil não atingiu 1%
do Produto Interno Bruto no mesmo período (COUTINHO & FERRAZ,
1994:135). Percebe-se pelas fusões e
incorporações que a tendência do capitalismo contemporâneo, embora existam os
acordos e o protecionismo, é continuar a formação de grandes grupos operando em
nível mundial e lutando preponderantemente por mercados abertos.
Apesar da internacionalização
do capital como forma comercial e de crédito ter se iniciada com as grandes
navegações, a internacionalização do capital produtivo veio ocorrer após a
Primeira Revolução Industrial, com a implantação no exterior das filiais das
indústrias inglesas acompanhando a divisão internacional do trabalho proposta
pela Inglaterra. A consolidação veio
ocorrer a partir da Segunda Revolução Industrial com a internacionalização das
grandes empresas aprofundada pela concorrência entre as grandes potências.
(TAVARES, 1998: 41)
Esse primeiro movimento da
internacionalização do capital chega ao seu auge na belle époque (1870-1914) no
início do século XX, com o firme
crescimento da produção e do comércio mundial.
Nesta época, o mundo inteiro participava de uma civilização mercantil
integrada. Por volta de 1913, o
comércio internacional representava grande percentual do PIB de vários países
da Europa. Dentre estes países
encontravam-se a França com 35,4%, a
Alemanha 35,1% e o Reino Unido com 44,7%.
Nessa fase, que vai até ao
final da década de 1920, o capital exportado pelas principais potências
econômicas européias, tanto em forma de investimentos diretos ou em forma de
ações, atingiu níveis percentuais do PIB que não foram ultrapassados até hoje.
E foram esses capitais que ajudaram a construir a América do Norte, Argentina,
Austrália e África do Sul considerado os “tigres econômicos” da Era Vitoriana. (HIRST,1998:101-20)
O segundo grande movimento de
capital internacional foi caracterizado pela concorrência interestatal entre as
grandes potências, através do boom que
se iniciou após a Segunda Guerra Mundial, sob a liderança das grandes
empresas americanas. A expansão
comercial ocorreu entre as matrizes e suas filiais, com o predomínio das ações
intra-firmas para fugir das barreiras
protecionistas nacionais e regionais como ocorreu na América Latina e na
Europa. Este processo de crescimento das multinacionais durou até o início da
crise do petróleo imposta pela OPEP em 1973.
Neste período, que vai de 1950 a 1973 o comércio mundial cresceu a uma
taxa média anual de 9,4% enquanto a produção mundial cresceu 5,3%. Percebe-se, portanto, que o comércio internacional
cresceu a uma taxa maior que a produção, que, por sua vez também atingia
números nunca antes conhecidos, bem superiores aos índices conseguidos no
período da belle époque e os que foram alcançados recentemente nos
anos 90.
Nesta fase o cenário político
internacional era conduzido no Ocidente pelos Estados Unidos e no Leste Europeu
pela União Soviética. Os movimentos de capitais entre as diversas economias
eram controlados com rigor na maioria dos países. Caberia então aos demais países concentrar seus esforços na
consolidação de seus espaços econômicos. Essa relativa dissociação entre os
cenários políticos e o econômicos teve conseqüências importantes e que vão
aparecer com clareza alguns anos mais tarde
na fase em que se inaugura com o fim da guerra fria.
A evolução econômica de países
como a Alemanha, França e Japão são exemplos de otimização destas oportunidades
de consolidação dos seus espaços econômicos.
Estes países souberam reestruturar seus sistemas produtivos, seja com
recursos próprios ou aproveitando-se das circunstâncias de serem áreas
prioritárias para investimentos. Os referidos países conseguiram, num ambiente
aparentemente hostil encontrar espaços para seu crescimento econômico. Nesse
período, diversos países com grande potência econômica atingiram taxas de
crescimento na produtividade de seus fatores comparáveis aos atuais “tigres
asiáticos”. De acordo com HIRST
(1998:105), mereceram destaque a França com 3,0% (1950-1973); Itália com 3,4%
(1952-1973) e o Canadá com 1,8% (1947-1973).
Um dos fatores que
contribuíram para o desenvolvimento econômico foi a necessidade de recuperação das economias após a Segunda
Guerra que veio de encontro aos interesses de expansão da acumulação
capitalista proporcionando o campo favorável à industrialização de vários
países não desenvolvidos dentre os quais, o Brasil e Argentina. Essa expansão ocorre, com a indústria
têxtil, a indústria automobilística e as indústrias de base inaugurando um novo
ciclo de produção.
A partir dos anos 80 o crescimento
da abertura internacional, facilitado pelo desenvolvimento das comunicações,
levou aos grandes oligopólios à consolidação de novos mercados e a impor novos
hábitos de consumo em todo o mundo. As ações dos grandes grupos, ajudadas pela
impressa, vieram criar um ambiente favorável à queda das barreiras e à expansão
da nova ordem do comércio mundial tornando consumidores do mundo inteiro um
grande mercado global.
A velocidade da criação e da
distribuição de novos produtos nos mercados mundial intensificou e acelerou, no
sistema produtivo, o processo de destruição criadora (SCHUMPETER, 1979: 50),
que passou a impulsionar em um espaço
de tempo cada vez mais curto a substituição
dos bens existentes no mercado por novos bens, tornando-se estratégico produzi-los em qualquer parte do mundo. Os espaços geográficos passaram
constantemente a ser alterados pelo processo da mundialização da economia,
principalmente, com a redução das barreiras protecionistas alfandegárias,
tarifárias e não tarifárias[1]
e o fomento do intercâmbio tecnológico.
2. Globalização financeira e a mundialização do capital
Todavia na globalização atual,
podem ser destacadas duas vertentes. Uma delas é a continuidade da
internacionalização do capital produtivo, iniciada na primeira Revolução
Industrial com as empresas rompendo sempre novas barreiras de produção
globalizada. A outra se traduz no fluxo da internacionalização do capital
financeiro que desde o Consenso de Washington, ocorrido em meados da década de
70, vem se acentuando em prejuízo dos investimentos produtivos. (CHESNAIS,
1998: 87).
Na globalização do
capital financeiro, os estoque de moedas são aplicados nos mercados sob a forma
de dinheiro exercendo forte preferência pela liquidez e comandado pelos grandes
centros financeiros que mantém o elo de conexão entre si nos principais países
desenvolvidos. Estes mercados
financeiros têm apoio de seus governos que asseguram a sua liberalização
e desregulamentação (CHESNAIS,1998:22).
Alguns autores como BAUMANN
(1996:33) analisam como positiva a globalização financeira para os mercados de
origem, desde que estes ativos consigam
romper as barreira da regulamentação de seus países na busca de melhores ganhos. No entanto, estes movimentos suscitam temores em outros
cientistas econômicos, dentre os quais: Chesnais e Conceição Tavares, de que
esta mobilidade crescente possa despertar movimentos especulativos em grande
escala, trazendo conseqüências desastrosas para economia dos países envolvidos.
Outros autores seguidores da Teoria Keynesiana, dentre os quais James Tobim,
considerado um fiscalista, defende que a política monetária e fiscal afetam o
nível de produto e de emprego de forma rápida, mas sem efeitos sobre o nível de
preços.
De acordo com TAVARES
(1998:42), estas políticas foram impostas pela ideologia neoliberal das
autoridades econômicas americanas que submeteram a economia mundial a uma
lógica financeira global sem precedente. Portanto, não se trata de um fenômeno
natural resultante das ações espontâneas de mercado, com querem os liberais e
nem tampouco da lógica da internacionalização do capital como poderiam
pretender os marxistas ortodoxos.
Destaca-se neste processo que a globalização ou financeirização global
não se propõe a uma divisão internacional de trabalho ou de produção duradoura
e hierarquizada. Ao contrário, a
velocidade das informações e principalmente da transmissão de dados possibilita
que os capitais financeiros percorram sem restrições as bolsas de valores do
mundo inteiro na busca de lucros de curtíssimo prazo.
O mercado mundial atualmente é
dominado pelas aplicações de curto prazo e se movimentam pelo mundo em busca de
lucros rápidos através da mudança nos preços dos ativos. O crescimento na
escala de especulação em relação às outras transações é marcante. Em 1971,
cerca de 90 % das transações estrangeiras visavam financiar o comércio e os
investimentos de longo prazo e somente 10% destinavam-se a especulação.
Atualmente, os percentuais se inverteram e cerca de 90% das transações são
especulativa e o volume é tão grande que supera as reservas estrangeiras dos
componentes do G7[2].
Desde a crise do câmbio de
1993-1994, nos grandes centros de negócios de Nova York, Londres, Tókio,
Frankfurt, Hong Kong e
São Paulo entre outros,
operadores financeiros com equipamentos
sofisticados e assessorados por vários analistas econômicos assumiram de comando do sistema capitalista mundial.
Os commanding heights [altos postos de comando] movimentam bilhões de seus clientes, em
questão de horas dividindo-os em investimentos e mercados totalmente diversos.
São esses operadores que ditam o ritmo da acumulação e fazem a partilha das
riquezas e do trabalho.
As oscilações dos mercados são
frutos das expectativas que os investidores têm em relação aos ganhos, riscos e
as incertezas na cotação dos seus contratos.
Na verdade, os grandes bancos, no mundo das finanças globalizados
perderam seus espaços para as organizações não bancárias, instituições que
representam sociedades coletivas de aplicações financeiras, os mutual funds[3]
.
O crash de 1987 em Wall Street, a fragilização dos bancos, a crise do
setor imobiliário 1990-1991 e a Crise Mexicana de 1994 e suas conseqüências são
alguns exemplos recentes das influências da globalização do capital financeiro
em nível de emprego mundial.
As conseqüências destas
medidas para economia foram a redução das atividades industriais, o corte dos
gastos públicos e o aumento do desemprego formal e da informalidade. Na
Argentina o desemprego atingiu cerca de 20% da força de trabalho, no Paraguai
6,7 %, Uruguai 11,3% e no Brasil o
desemprego geral esteve sempre acima de 10 % e a informalidade chegou próximo a
50% da população economicamente ativa e forte arrocho salarial. Na década de 90
a taxa de ocupação em relação ao total da população nos países que fazem parte
do Mercosul esteve sempre entre 29 e 38 % entre os homens e 19 e 24 % entre as
mulheres
A abertura comercial
acentuou-se com as medidas adotadas pela OMC após a rodada iniciada no Uruguai
em 1986, concluída em 1993 em Genebra e assinada em Marrakech e 1994, na qual
se consagrou definitivamente o sistema multilateral de comércio e confirmou-se
a supremacia dos sistemas baseados na abertura e flexibilização a frente dos
comércios e serviços protegidos e fortemente subsidiados.
As mudanças no perfil
da economia mundial se alteraram principalmente com a determinação pelo
“Acordo assinado em Marrakech” na qual
os fluxos dos intercâmbios comerciais e financeiros estejam determinados e
dominados pelo mercado e se tenha generalizado as empresas transnacionais.
Neste
contexto buscando encontrar formas de enfrentar a concorrência dos países
desenvolvidos e preservar seus sistemas produtivos e o mercado de trabalho os
países latino-americanos do cone sul dentre eles o Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai estabeleceram a adoção de uma política comercial comum em relação a
terceiros Estados ou agrupamento de Estados como, por exemplo, a UE e a
NAFTA. A adoção destas medidas buscava
acima de tudo melhorar o nível de vida de seus povos com a implementação de uma
política que tenha em conta uma abertura econômica com uma inserção mais
competitiva na economia global.
Segundo
IANNI (1999), Não se pode negar que as políticas externas de cada país sofrem o
influxo e as pressões de fatores exógenos que limitam as ações dos Estados
nacionais. Dentre estes fatores estão
as empresas transnacionais que moldam o cenário legal e econômico nacional e
internacional de acordo com seus interesses tendo o respaldo dos organismos
internacionais[5] que obrigam
os Estados ao seu cumprimento.
Todavia
cabe ressaltar que quando estas decisões internacionais sejam via tratados ou
por iniciativa das organizações internacionais, interferem na regulação
econômica de um país temos interligação do binômio regras jurídicas e empresas
transnacionais com forte influencia sobre os Estados que por um lado
buscam atender às decisões tomadas nos
organismos internacionais da qual é
signatário e por outro lado tem que se posicionar ao lado dos grandes grupos
empresariais que sempre lutam por melhores condições de atuação.
A
livre mobilização de trabalhadores, um dos fatores da produção, implicará
segundo, AQUINO (1998) na adequação de uma vasta legislação trabalhista,
previdenciária, escolar e sanitária, visando dar garantias não somente aos
trabalhadores visitantes como também aos empreendedores que os contrata.
Relacionando
os aspectos jurídicos aos econômicos mais relevantes do acordo pode-se enumerar
alguns dos principais pontos cuja concretização vem se tornando em grandes
desafios ao Mercosul:
a)
livre circulação de capital, que possibilite melhor utilização segundo o
interesse do investidor; b) livre
circulação de mercadorias, sem barreiras alfandegárias; c) Liberdade de
circulação de trabalhadores, dentro e fora de seus estados limites; d)
liberdade para produção, armazenagem e comercialização de produtos, permitindo
que o produtor possa produzir no próprio Estado ou em outro signatário do
Mercosul; e) Liberdade de concorrência
que submetam todos os produtores as mesmas regras jurídicas e a idênticos encargos
que incidam de uma mesma maneira nos produtos de sua empresa.
Segundo
SCHAPOSNIK (1997) as dificuldades se
origina no modelo escolhido e sugere a análise a partir ideologia que inspirou
o modelo e a forma como ele foi implantado. A euforia inicial, gerada pela
abertura comercial inter países do cone sul, que representou um grande avanço
no comércio entre os países membros do MERCOSUL. Todavia o aumento
significativo das relações comerciais encobria um grande movimento que se
formava nos países desenvolvidos em defesa de seus interesses. Este movimento
veio aparecer com maior ênfase já no final dos anos 90 quando das negociações
da ALCA. A forma como estas negociações serão conduzidas poderá ter reflexos
diretos no sistema produtivos e no nível de ocupação dos países nos países do
MERCOSUL.
4. Os avanços da automação e sua influência no nível de emprego formal
no mundo.
Todavia não foram somente a
globalização do mercado financeiro e a evolução da tecnologia os responsáveis
pelo aumento do desemprego, existem
também outros fatores envolvidos.
A forma como foi tratada
a influência da modernização do setor produtivo nas relações
entre o capital e o trabalho em muitos casos se deu com a conivência das autoridades e lideranças dos
trabalhadores.
Em meados da década de 60 o modelo fordista começava dar sinais de esgotamento e não houve
a adoção de medidas compensadoras suficientes para gerar opções de trabalho
aos atingidos pelo desemprego e pela da automação. Apesar dos esforços dos
sindicatos, durante as negociações de bastidores na questão da automação, predominaram os interesses das
empresas ( Rifkin,1995:90). Junto com a automação veio a flexibilização das
relações entre o capital e o trabalho, levando o movimento trabalhista perder
as forças de que desfrutava desde o final da II Guerra Mundial provocando
grandes taxas de desemprego em todas atividades.
Atualmente, pode-se observar
inclusive no setor terciário (comércio e serviços), que até então era um grande
absorvedor de mão de obra. A adoção de
equipamentos cada vez mais sofisticados passam substituir os trabalhadores nas
tarefas que permitem a automação. O sistema bancário e os supermercados são
exemplos de atividades que estão
passando por profundas mudanças neste sentido.
Segundo Rifkin (1995:201)
especialistas no assunto concluíram que os trabalhadores de todo o mundo,
continuarão perdendo seus empregos por um tempo ainda indefinido,
principalmente, nos países em que o processo de desenvolvimento aconteceu mais
recentemente como é o caso dos integrantes do MERCOSUL. Para os trabalhadores
menos qualificados, o emprego fixo e duradouro estará cada dia mais escasso.
A característica da nova
corporação produtiva dos anos 90 é a competência de controlar atividades
simultâneas em vários locais e de tirar vantagens de diferentes fatores de
produção entre os países. Os centros de decisão, normalmente se localizam nas
metrópoles e os centros de pesquisas estão nos cluster ou em áreas de mão de obra qualificadas. A produção é fragmentada com a finalidade
de reduzir custos totais. Os recursos mais móveis, como tecnologia e
equipamentos são transportados para o local em que a mão de obra é pouco
qualificada e com frágil poder de mobilização sindical.
No mundo capitalista do final
do Século XX e no início do Século XXI
as grandes empresas que vem se destacando no comando das cadeias de
produção. As producer-driven que são
as grandes manufaturas coordenando as networks,
utilizando intensivamente capital e tecnologia, como é o caso das montadoras de
automóveis, aviões, computadores e de maquinarias pesadas. E as buyer-driven que são os grandes
varejistas, designers e trading networks
descentralizados em vários países
especialmente no terceiro mundo.
É o caso dos calçados, brinquedos, roupas e eletrodomésticos. Nesse último caso, eles não fabricam apenas
controlam a produção terceirizada e externalizam os riscos, visto que é mais
fácil romper um contrato do que fechar uma planta industrial[7].
A concorrência globalizada
impõe condições básicas para que essas empresas tenham sucesso - qualidade e
preço levando ao desaparecimento de empresas ou grupo de empresas na forma de
aquisições e fusões e as conseqüências destas ações influenciam o nível de
emprego e o futuro do trabalho de
dezenas de milhões de pessoas que hoje estão no mercado de trabalho.
Conclusão
Para concluir pode-se resumir
nos seguintes aspectos os vários fatores que influenciam os mercados de
trabalho nos países do MERCOSUL. A estratégia utilizada pelos países membros na
implantação do modelo de integração regional, esbarrou nas dificuldades
apresentada pela heterogeneidade das idéias predominante na região. O clima de
desconfiança inicial provocou entraves nas relações dentro do Mercosul, fazendo
com que os mesmos realizassem acordos bilaterais com outros países. A adoção do
modelo neoliberal em países com profundas diferenças culturais e econômicas por
certo apresentam resultados diferenciados. Por outro lado a facilidade da internacionalização do mercado
financeiro, em razão dos avanços tecnológicos, provoca a desregulação dos
mercados financeiro e produtivos
nacionais, influenciando o sistema produtivo reduzindo o controle sobre
as políticas monetárias. As perspectivas do comércio que devido a
convergência do padrão de consumo
mundial, provocam a unificação da demanda
facilitando a oferta, criando modificações na estrutura produtiva de cada país.
A introdução dos processos modernos de produção provoca o aumento da
produtividade e a conseqüente redução do tempo de trabalho com aumento da
lucratividade das empresas. Acrescente-se a isso, a velocidade das informações
a melhoria do sistema de transporte,
permitindo que as grandes empresas possam na busca de uma escala global de
vantagens comparativas, abastecer um
mercado maior; A ideologia do livre mercado ampliou-se no
mundo principalmente nos países latino americanos. Esse ideário vêm influenciando
a dinâmica das políticas internacionais; As instituições que em razão da
ausência de medidas reguladoras supranacionais vêm se pautando na redução dos
empregos diretos, sem, no entanto discutir formas alternativas de redução de
custos por outras vias[8].
O processo de internacionalização e escalada global dos
meios de comunicação, provocando a generalização dos padrões de consumo
capitalista. Todos estes aspectos em conjunto vêm provocando alterações nos
mercados de trabalho no mundo todo com influência direta nos países em
desenvolvimento dos quais se destacam as taxas de desemprego aberto crescente nos últimos anos com aumento do
desemprego duradouro, a expansão do emprego em atividades terciárias de baixa produtividade,
o crescimento das atividades por conta própria, o aumento da contratação de trabalhadores sem registro e sem seguridade social e por fim a
deterioração dos salários e das rendas.
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